Um artigo publicado neste domingo (22/01) no site do Wall Street Journal (WSJ), e nesta segunda (23/01) na edição impressa do jornal, aponta problemas para a liberdade no Brasil na atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). Assinado pela jornalista Mary O’Grady, o texto afirma que o STF “é uma ameaça maior que o 8 de janeiro”.
“A Suprema Corte do Brasil está amordaçando seus críticos, congelando seus bens e até mesmo prendendo alguns, tudo sem o devido processo legal”, aponta a autoria ao destacar um risco para a liberdade de expressão no Brasil.
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A jornalista defende a punição para quem cometeu atos de vandalismo nas sedes dos 3 Poderes, mas destaca que “a liberdade não pode ser estrangulada” durante as investigações.
Para a jornalista americana, o ministro Alexandre de Moraes é “o rosto da repressão à liberdade de expressão”. Ela cita os mandados judiciais, expedidos pelo juiz do STF, contra um grupo de empresários que teceu elogios ao regime militar, em uma conversa de WhatsApp. “As autoridades congelaram as suas contas bancárias, intimaram os seus registos financeiros, telefônicos e digitais, e disseram às redes sociais para suspenderem contas”, recordou.
Segundo a jornalista, o Brasil é um país “dividido” após as eleições. Ela relembra os escândalos de corrupção protagonizados pelos governos petistas e as condenações de Lula e de seus aliados.
“Os brasileiros ficaram aliviados, acreditando que a justiça, mesmo para os poderosos, era finalmente possível”, escreveu Mary. “Eles estavam enganados. Em 2021, o STF anulou a condenação de Lula por um tecnicismo. Ele foi solto e liberado para concorrer à Presidência, embora nunca tenha sido absolvido. Ele derrotou Bolsonaro e assumiu o cargo em 1º de janeiro”.
A matéria também destaca que “muitos brasileiros continuam a considerar Lula um ladrão que escapou da Justiça, porque o STF fez política”. “Em plataformas de notícias independentes, nas mídias sociais e em grupos de bate-papo privados, seus crimes continuam sendo um assunto polêmico”, revela Mary ao público americano.
Mary destaca medidas de Moraes em nome do “combate à desinformação” e afirma que os “exageros” desacreditaram o TSE e alimentaram “ainda mais as dúvidas sobre a justiça da eleição”. “No entanto, exibi-los é proibido”, lembra Mary.
“Quando o partido político de Bolsonaro apresentou contestações legais à contagem oficial de votos no segundo turno de 30 de outubro, elas foram sumariamente negadas. O tribunal eleitoral multou o partido em mais de US$ 4 milhões por fazer o recurso”, diz ainda a jornalista.
Ela completa dizendo que “o STF está inventando a lei à medida que avança. Se ninguém impedir, a confusão de 8 de janeiro será a menor das ameaças à liberdade enfrentada pelos brasileiros”.