O Presidente da República em exercício, Hamilton Mourão atacou o Presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento de fim de ano feito na noite deste sábado (31/12), em cadeia nacional de rádio e TV. O discurso de Mourão teve a duração de 8 minutos e 35 segundos, bem além dos sete minutos que era previsto.
Destacando em mais de uma ocasião ser o Presidente da República em exercício, Mourão destacou os sucessos do Governo Federal nos últimos 4 anos falando em “nosso governo”.
Mas o destaque ficou por conta do ataque indireto do vice-presidente a Bolsonaro, sem citá-lo, mas referindo-se claramente a ele ao falar em “lideranças” que, por meio do “silêncio” e do “protagonismo inoportuno e deletério”, contribuíram para um “clima de caos”.
Desde o fim do segundo turno, Bolsonaro manteve-se em silêncio. Seus eleitores foram para as portas dos quartéis pedir socorro às Forças Armadas por julgarem inadequada a atuação do TSE nas eleições.
O senador eleito pelo Rio Grande do Sul e também general da reserva atribuiu ainda a essas “lideranças” [Bolsonaro] a criação de um clima de “desagregação social”, que acabou jogando uma responsabilidade para cima das Forças Armadas.
“Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e desagregação social e, de forma irresponsável, deixaram com que as Forças Armadas, de todos os brasileiros, pagassem a conta, para alguns por inação e por outros por fomentar um pretenso golpe”, disse Mourão.
Ao longo de todo o mandato, o vice Mourão fez críticas ao titular. Bolsonaro chegou a referir-se ao comportamento de Mourão como o de um “cunhado inconveniente”. Durante as eleições deste ano, porém, Mourão tentou aproximar sua imagem à do presidente. O vice-presidente foi eleito senador.
Mourão assumiu a Presidência da República interinamente na tarde desta sexta-feira (30/12), após Bolsonaro viajar para os Estados Unidos. Mourão já informou que, apesar de estar interinamente na Presidência, não passará a faixa para Lula.