Uma forte revolta na sociedade mexicana acusa o presidente socialista Andrés Manuel López Obrador de doutrinar as crianças. A suspeita recai sobre os novos livros escolares gratuitos e obrigatórios que o Ministério da Educação Pública distribui nas escolas.
Marko Cortés, líder do conservador Partido Ação Nacional (PAN), denunciou na última quarta-feira (23/08) que o México vive uma das “maiores tragédias da sua história” na educação básica. De acordo com Cortés, a situação é causada por um governo “que não quer um povo preparado, mas doutrinado, para ser capaz de manipula-lo e fazê-lo odiar a ciência“.
“Não mexa com as crianças, Presidente, você já causou muitos danos ao nosso país e à geração atual. Não vamos permitir que faça mal também às próximas gerações”, afirmou o líder do PAN.
PARA ESPECIALISTA, LIVROS SÃO ENORME RETROCESSO
Especialista em Educação, a professora Irma Villalpando disse em artigo na revista Nexos que os novos livros didáticos são um “enorme retrocesso”. A autora lembra que os novos materiais baseiam-se no que o governo socialista chama de Escola Nova Mexicana (NEM), “criticada por seu diagnóstico da realidade educacional do México e o mundo“.
“A fragilidade de sua análise origina-se, em parte, porque ele reduz o complexo problema educacional mexicano à análise sociopolítica do pedagogo brasileiro Paulo Freire que considera, na linha do pensamento pós-marxista, que o capitalismo funciona como um dispositivo para a dominação dos opressores contra os oprimidos“, denuncia a professora.
PAIS DE ALUNOS OBTÉM VITÓRIA NA JUSTIÇA, MAS GOVERNO IGNORA
No mês de maio, o Sindicato Nacional dos Pais de Família obteve uma liminar. Dessa forma, o Terceiro Tribunal Distrital em Assuntos Administrativos ordenou ao ministério que revisse o conteúdo dos livros didáticos e submetesse a sua reformulação a audiências públicas. Com o intuito de fundamentar a ação, o sindicato apontou que os novos livros contêm material sobre diversidade sexual, famílias diferentes e ensinamentos sobre órgãos reprodutivos para crianças.
Apesar da ordem judicial para interromper a entrega do material, o presidente López Obrador afirmou que “não há impedimento” para que os livros estejam prontos para o retorno às aulas no dia 28 de agosto.
“O governo de López Obrador mente quando diz que não há impedimento legal à distribuição dos livros escolares. Os livros nem deveriam ter sido impressos, foram impressos desafiando uma ordem judicial”, denunciou Marko Cortés.
PAIS INDÍGENAS QUEIMAM OS LIVROS
A decisão de López Obrador gerou uma dura reação. Um grupo de pais indígenas do sul do México decidiu, então, queimar os novos livros escolares. Os pais ficaram furiosos com o conteúdo doutrinador que inclui linguagem neutra em termos de gênero e negligencia a leitura e a matemática.
Ex-funcionário do governo da Venezuela, o diretor de educação Marx Arriaga é o coordenador dos livros. Além disso, os textos fundamentam-se fortemente no teórico marxista brasileiro Paulo Freire, autor do livro “Pedagogia do Oprimido”.
Um livro escolar para crianças de 6 anos começa com uma citação filosófica de Federico García Lorca, um poeta homossexual espanhol assassinado em 1936. De acordo com o livro, o assassinato de Lorca ocorreu “por pensar de forma diferente”.
“O México corre o risco de contrair um vírus que as pessoas pensavam estar erradicado: o vírus comunista”, denunciou o jornalista mexicano Javier Alatorre. “Eles querem condenar o México à pobreza, à mediocridade e ao ódio”.
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Uma resposta
Sincero nos comentários . Gostaria que se repetisse no Brasil, as ações dos pais que tocaram fogo nos livros Paulo freire e o marxismo