Passadas as eleições regionais e locais de 28 de maio na Espanha, o partido conservador VOX ingressou em 140 governos municipais e passou a presidir a quatro parlamentos autonômicos.
Além disso, o VOX também já fechou um acordo com o Partido Popular (PP, de direita) para governar em coligação a região da Comunidade Valenciana, como já acontecia desde o ano passado em Castela e Leão.
Entretanto, estão marcadas eleições legislativas nacionais para 23 de julho, com as pesquisas indicando a possibilidade de se repetir o cenário a nível nacional, ou seja, de haver uma coligação de governo entre PP e VOX.
VETO À BANDEIRA ARCO-ÍRIS
Por ocasião do chamado “Dia Internacional do Orgulho LGBTI+” nesta quarta-feira (28/06), o partido vetou, em localidades e regiões onde agora integra governos, a exibição da bandeira arco-íris em edifícios públicos, onde vem sendo colocada oficialmente nesta data em diversos prédios públicos pelo mundo afora.
O veto à bandeira arco-íris por parte do VOX acabou por desencadear episódios de confronto com partidos de esquerda.
Foi o que ocorreu no edifício do parlamento de Castela e Leão, onde pelo segundo ano o presidente da assembleia proibiu a colocação da bandeira, mas os deputados socialistas (PSOE) decidiram fazê-lo na janela deste grupo parlamentar.
O presidente do parlamento regional (Carlos Pollán, VOX), pediu formalmente aos socialistas a retirada da bandeira, de vários metros, e ameaçou enviar forças de segurança para cumprir a ordem. O líder do grupo parlamentar do PSOE, Luis Tudanca, recusou retirar a bandeira e disse que continuaria no mesmo lugar até ao final do dia.
Um episódio similar repetiu-se no edifício da câmara de Valladolid, a capital de Castela e Leão, até este ano governada pelos socialistas, mas agora nas mãos de uma aliança PP/VOX.
A sucessão de notícias sobre retirada ou não exibição da bandeira LGBTI+ em edifícios públicos provocou esta quarta uma sucessão de críticas de dirigentes do PSOE e outros partidos de esquerda, que têm colocado no centro da campanha eleitoral a ameaça de o VOX entrar no governo nacional.
PARTIDO POPULAR CELEBROU A DATA
Embora de direita, os dirigentes do PP, por seu turno, sublinharam o apoio do partido à chamada luta pela igualdade de direitos das pessoas LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexuais e outras).
“Celebramos o reconhecimento da diversidade e que cada um decida quem quer que o acompanhe na sua vida. Feliz Dia do Orgulho“, escreveu o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, no Twitter.
O partido decidiu também iluminar esta quarta-feira à noite, pela primeira vez, a sua sede nacional, em Madrid, com as cores do arco-íris.
PARA O VOX, NADA HÁ A CELEBRAR
Já o líder do VOX, Santiago Abascal, disse não ver motivo para celebrar ou assinalar este dia.
“Suponho que porque sou heterossexual, mas também penso que há muitos homossexuais que não celebram este dia porque não reduzem a sua personalidade e o seu ser simplesmente à sua orientação sexual“, afirmou, numa entrevista à televisão TVE.
REAÇÃO DO PARTIDO SOCIALISTA
O líder do PSOE e primeiro-ministro, Pedro Sánchez, exibindo uma pulseira e um laço arco-íris, apelou hoje à celebração do Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, para não haver retrocessos nos direitos em Espanha, e disse que “PP e VOX estejam a colocar dentro das instituições os seus preconceitos“.
Sánchez reiterou também que os acordos de PP e VOX em municípios e regiões, nos últimos 20 dias, traduzem-se em “retrocessos de 20 anos” a nível de ideias e discursos, com a eleição, por exemplo, de presidentes conservadores de parlamentos regionais que ele classifica como negacionistas das vacinas e das alterações climáticas, que são ativistas contra o aborto.