O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, de 57 anos, ausente de eventos públicos desde 25 de junho, foi demitido, conforme relatam os meios de comunicação estatais chineses. Seu cargo será ocupado pelo chefe das relações internacionais do Partido Comunista Chinês, Wang Yi, que já havia assumido a posição de ministro.
“A mais alta legislatura da China votou para nomear Wang Yi como ministro das Relações Exteriores“, anunciou a agência estatal Xinhua. “Qin Gang foi removido do cargo de ministro das Relações Exteriores.” A notícia não fornece uma razão para a demissão de Qin, mas destaca que o presidente Xi Jinping assinou uma ordem presidencial para oficializar a decisão.
Qin era visto como um confidente de Xi, e muitos analistas atribuem sua rápida ascensão na hierarquia diplomática ao relacionamento próximo entre os dois.
Por semanas, a China manteve silêncio sobre o paradeiro de Qin, que não era visto em público há um mês, desde seu encontro com o vice-chanceler da Rússia, Andrey Rudenko, em Pequim. Sua ausência gerou especulações sobre se ele foi destituído ou se estava sendo alvo de uma investigação oficial.
Qin Gang foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em dezembro passado, tendo sido anteriormente embaixador em Washington e fluente em inglês. Sua nomeação ocorreu quando Pequim encerrou a política de “zero covid”, que manteve as fronteiras do país fechadas por quase três anos. Durante seu tempo como ministro, Qin recebeu dignitários estrangeiros em Pequim, incluindo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e realizou viagens à Europa, África e Ásia Central.
Ele substituiu Wang Yi, que atualmente é diretor do Gabinete da Comissão para as Relações Externas do Partido Comunista da China (PCC) e é considerado o principal diplomata chinês, com uma agenda internacional marcada pela guerra na Ucrânia e pela crescente rivalidade entre Pequim e Washington.
Hu Xijin, influente comentador chinês e ex-editor-chefe do Global Times, jornal oficial do PCC, expressou sua preocupação sobre o assunto em um comentário no Weibo, mas sem poder discuti-lo publicamente.
Na China, o desaparecimento de altos funcionários, celebridades e empresários é comum, sendo frequentemente seguido de anúncios das autoridades de que a pessoa está sendo investigada ou punida. Alguns casos notáveis incluem o ex-chefe chinês da Interpol, Meng Hongwei, e a tenista chinesa Peng Shuai, que também deixou de ser vista em público após acusar um antigo vice-primeiro-ministro chinês de má conduta sexual em 2021.